História do hino: Terra de Beulá (H.A 363)

Letra e música: Charles Austin Miles (1868-1946)
 Título original: Dwelling in Beulah Land

Charles A. Miles (1868-1946)
Foi em 1911 que Charles Austin Miles, um ex-farmacêutico que mais tarde se transformou num conhecido escritor e editor de hinos, escreveu essa canção. 

Há uma porção de hinos [nos hinários americanos] que falam sobre viver em “Beulá”. Mas o que isso, de fato, significa? Em primeiro lugar, a palavra Beulá é usada uma só vez na bíblia (embora a palavra hebraica by'ulah seja usada uma dúzia de vezes, em aspectos relacionados ao casamento). 

“Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e à tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.” (Isaías 62:4).

O texto retrata o momento em que o Messias virá para reinar. Ele descreve a alegria e o contentamento de Israel diante dessa promessa. A profecia continua dizendo:

“Eis que o Senhor proclamou até as extremidades da Terra: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua recompensa diante dele. E chamar-lhes-ão: Povo santo, remidos do Senhor, e tu será chamada Procurada, cidade não desemparada.” (Isaías 62:11-12).

Como esta profecia, que é claramente sobre a nação de Israel, pode ser aplicada aos cristãos de hoje? A igreja é a Nação Celestial de Deus (Filipenses 3:20), portanto, a profecia acima pode ser aplicada hoje de uma forma secundária e ilustrativa. E isso, feito com cautela, não anula o significado original das palavras de Isaías.

O propósito declarado de Deus para Israel era tirá-los da escravidão do Egito e levá-los para a terra de Canaã, a terra que Ele havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó. “Mas ele nos tirou do Egito para nos trazer para cá e nos dar a terra que, sob juramento, prometeu a nossos antepassados.” (Deuteronômio 6:23).

A libertação da escravidão egípcia é análoga à salvação dos pecadores hoje. Canaã (ou Beulá) é a representação de uma vida cristã abundante, uma vida de paz e vitória, que Cristo nos oferece (João 10:10). Nesse hino, Miles descreve o cristão como separado do mundo (num sentido moral e espiritual), ligado e abençoado por Deus. 

Notem ainda que no coro Miles comete um erro anacrônico: “E me alimento cada dia desse bom maná do céu...” O povo de Israel não foi contemplado com o maná em Canaã. Essa dádiva cessou quando eles entraram na terra prometida (Josué 5:12). Entretanto, se entendermos a palavra “maná” como uma metáfora para as dádivas espirituais podemos compreender a inserção da mesma no hino.

Tendo em conta estas advertências e limitações, o hino expressa a alegria da união do crente com Cristo e a segurança Eterna oferecida por Ele.


Assista o vídeo do hino aqui:

Tradução: Hinos Tradicionais